Vivendo o Rock in Rio pelo olhar de Jessé Andarilho

25/09/24

Para muitos de nós, o Rock in Rio é mais que só um festival. É uma parada que junta a música, a cultura, e faz todo mundo colar junto: várias gerações, várias histórias, tudo num só espaço. Em 2024, essa energia se mistura com tudo, principalmente no Dia Brasil, onde a diversidade da nossa música ganhou o palco principal.

Pra quem sai da Zona Oeste, da Baixada ou de qualquer território popular do Rio, a ida pro Rock in Rio começa muito antes da Cidade do Rock. A viagem de trem ou de ônibus já é o início da resenha. A galera vai trocando ideia, zoando, falando dos shows que tão esperando e sonhando alto. A expectativa tá ali, junto com as dificuldades do transporte público, que é nossa realidade todo dia. E quando você chega, o choque é real: as atrações, luz pra todo lado, uma estrutura gigantesca que a maioria da favela só vê na tv.

Quando pisei na Cidade do Rock, senti o peso do contraste. Era uma quebra na narrativa que sempre jogaram pra cima de nós. Aquele espaço, que parece feito para outro tipo de gente, começou a se abrir pra nossa voz. Estar ali, vendo meus ídolos de perto, me deu vontade de trazer essa energia de volta pra favela.

Os Palcos e Suas Vozes
O Rock in Rio 2024 mostrou de verdade a diversidade musical do Brasil. O funk colou com o samba, o rap abraçou a MPB, e até o sertanejo tava dominando os palcos espalhados pela Cidade do Rock. Ver os MCs e poetas da favela dividindo palco com grandes nomes internacionais, como o Will Smith, que soltou um rap em português que fez geral vibrar, foi mais que uma vitória pros artistas. Foi uma vitória pros nossos territórios. O Rock in Rio virou a vitrine onde a favela brilha, mostrando que tem muito mais.Tem força, tem arte, tem vida pulsando nas periferias.

O festival abriu com uma homenagem lá de 1985, com os clássicos do rock nacional, Barão Vermelho e Paralamas do Sucesso. Mas à medida que o dia foi passando, a favela foi tomando seu espaço. No Palco Mundo, artistas periféricos como IZA e Matuê mostraram a que vieram, enquanto no Espaço Favela o samba carioca brilhou com shows de Xande de Pilares, Fundo de Quintal, e o Para Sempre Funk, que reuniu nomes como Buchecha, Tati Quebra Barraco, Cidinho & Doca e outros monstros sagrados do funk.

O Palco Sunset foi outra parada de arrepiar. Ver o Ferrugem, cria de Campo Grande, mandando ver com o público, foi emocionante. Um artista do nosso território dominando um palco daquele tamanho, foi a prova de que nossa voz tem poder, e nossa cultura tem, sim, lugar de destaque.

Cada uma dessas vozes, do funk ao samba, do rap ao rock, representa a nova e a velha geração. Uma geração que não só escuta, mas também fala, se expressa e reivindica o seu lugar. Cada show é uma celebração à nossa cultura popular, ecoando a força das periferias que não só existem, mas fazem barulho, vibram e ocupam o espaço que sempre foi nosso.

Até a próxima edição, com mais histórias para contar e emoções para viver!

Autor: Jessé Andarilho
Foto: Viajante Lírico

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