O Prêmio Periferia Viva, uma iniciativa do Ministério das Cidades por meio da Secretaria Nacional de Periferias, reafirma o compromisso de valorizar e potencializar projetos voltados à transformação das periferias brasileiras. Criado para reconhecer iniciativas populares, assessorias técnicas e entes governamentais que enfrentam desigualdades socioespaciais, o prêmio alcançou novos patamares em sua segunda edição, realizada em 2024.
Com o tema “Periferia Viva é Periferia Sem Risco”, o prêmio deste ano destacou a urgência das crises climáticas e reconheceu projetos que combatem os riscos socioambientais em territórios vulneráveis. Ao todo, 178 iniciativas foram contempladas, triplicando o número da edição anterior de 2023, que premiou 54 projetos.A cerimônia de premiação aconteceu em Brasília, no Palácio do Planalto, e contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que aproveitou a ocasião para lançar o Programa Periferia Viva, coordenado pelo Ministério das Cidades. Durante o evento, Lula enfatizou o compromisso histórico de seu governo com as populações mais vulneráveis.
Biblioteca Marginow
Entre os premiados deste ano está a Biblioteca Marginow, situada em Antares, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Criada por Jessé Andarilho durante a pandemia, a biblioteca ocupa um espaço que antes era um posto policial, transformando um local marcado pela violência em um centro cultural.
Com um acervo de 10 mil livros, a biblioteca oferece atividades como oficinas artísticas, eventos culturais e apoio comunitário em campanhas de vacinação e distribuição de cestas básicas. Mais do que um espaço de leitura, ela se tornou um ponto de encontro e resistência cultural, sendo frequentemente destacada pela mídia nacional. Representando o Instituto Marginow, a consultora de projetos Kelly Cardoso esteve presente na cerimônia em Brasília para receber o prêmio na categoria “Território”.
Programa Periferia Viva: Transformando Realidades
Além de premiar iniciativas, o governo federal lançou o Programa Periferia Viva, considerado o maior conjunto de políticas públicas voltadas às periferias já implementado no Brasil. O programa reúne 30 políticas integradas, com foco em urbanização, inovação e fortalecimento comunitário, e um investimento total de R$ 5,3 bilhões.
Entre as ações destacam-se:
Urbanização de favelas em 59 territórios periféricos, abrangendo 48 municípios;
Investimento de R$ 1,7 bilhão para contenção de encostas em 91 cidades;
Regularização fundiária beneficiando mais de 285 mil famílias;
Criação de endereços postais para favelas em parceria com os Correios.O ministro das Cidades, Jader Filho, ressaltou a relevância do programa:
“As periferias não são apenas áreas de vulnerabilidade, mas também territórios com imenso potencial de inovação e resiliência.”
Guilherme Simões, da Secretaria Nacional de Periferias, destacou o impacto histórico do dia:
“Com a coragem do presidente Lula e a liderança do ministro Jader, as periferias brasileiras podem começar a planejar o futuro. É o direito de sonhar se tornando realidade.”
O reconhecimento nacional fortalece a missão do Instituto Marginow como um espaço que integra arte, cultura e educação por meio das atividades gratuitas promovidas pela Biblioteca.
Localizada em Antares, Santa Cruz, no Rio de Janeiro, a Biblioteca abre suas portas de segunda a sábado, oferecendo uma programação diversificada para moradores locais e estudantes da rede pública. Essas ações reforçam o compromisso de transformar realidades a partir do território, promovendo cultura e coletividade.
Uma pesquisa realizada pela “Retratos da Literatura no Brasil” revelou que os brasileiros estão lendo menos, com 53% dos entrevistados não concluindo nem metade de uma obra. Nesse contexto, o reconhecimento da Biblioteca Marginow pelo Prêmio Periferia Viva evidencia a relevância das bibliotecas comunitárias. Esses espaços celebram a literatura periférica, destacando autores de territórios populares que, como parceiros, ampliam o alcance e a potência desse trabalho transformador.